
O Cine Brejo - cineclube itinerante que circulou por diferentes localidades do Maciço de Baturité e que integrou as atividades do projeto Cinema no Brejo - surgiu do desejo de partilhar e exibir filmes como forma de possibilitar encontros entre pessoas, constituir vizinhanças, reverberar histórias e potencializar a relação com os próprios territórios. Para as sessões acontecerem, era preciso colocar em prática um ritual: primeiro, o convite para o evento era feito de casa em casa; em seguida, as cadeiras eram cedidas por uma moradora ou pelo dono de um estabelecimento próximo ao local da exibição; depois, as cadeiras eram arrumadas e a luz projetada na parede; só restava, então, a pipoca feita na panela de algum vizinho ficar pronta e a exibição começava. Ao longo do transcurso dos filmes, os espectadores chegavam, sentavam, levantavam-se, saíam, assistiam de longe encostados em árvores e postes, passavam em suas bicicletas e capturavam, em repetidos rodopios, breves fragmentos de imagens. O público era movimento e o cinema era mutirão, ato coletivo.
No momento atual, vivemos os efeitos drásticos de uma pandemia que se espalha mundo afora e ameaça toda a humanidade. Nesse contexto, os sentidos das palavras "mutirão" e "coletividade" ganham outras conotações e solicitam novas posturas para que continuem sendo colocadas em prática. Sem podermos nos aglomerar, nos ajuntar nas comunidades de cinema, congregar olhares e celebrar a vida nas ruas e praças, foi preciso encontrar outras formas de nos conectar, de continuar partilhando imagens e mundos, cultivando olhares e insistindo no gesto ousado de ver juntos.
É com esse desejo de continuar apostando em uma experiência coletiva com o audiovisual que o Cine Brejo retoma suas atividades com uma programação inteiramente virtual e gratuita. A Mostra Cine Brejo - Cultivando Olhares, a ser realizada entre fevereiro e março de 2021, é composta por seis sessões temáticas semanais, debates com convidades, além de oficinas oferecidas para jovens estudantes e também para professores e professoras das escolas da região do Maciço de Baturité. As sessões e debates serão abertos ao público e abordarão questões como territórios, juventudes, memória, infância e pedagogias do cinema.
Mesmo sem nos encontrarmos fisicamente, o cinema configura-se como um lugar de encontro e convívio. Acreditamos que o espaço virtual também é capaz de diminuir as distâncias, instaurar novos cruzamentos, criar outros arranjos e combinações e aumentar as possibilidades de que os filmes circulem, cheguem em diferentes espaços e sejam vistos por outras pessoas. Assim, a comunidade de cinema se expande e, mesmo em nossas casas, somos convocados a integrar esse mutirão.
Ficha técnica
Coordenação
Ana Paula Vieira
Clara Bastos
Leonardo Câmara
Rúbia Mércia
Assessoria de Imprensa
Marina Holanda
Curadoria
Ana Paula Vieira
Leonardo Câmara
Rúbia Mércia
Designer
Davi Costa
Programação do site
Clara Capelo
Programação de transmissão ao vivo
Clara Capelo
Interpretação em Libras
Ariel Volkova
Bianca Farias
Convidados
Leon Reis
Levy Freitas
Iago Barreto Soares
Ana Bárbara Ramos
Henrique Dídimo
Gláucia Soares
