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É tempo de colheita!

 

O cinema como abertura para o mundo. Compartilhar, trocar, sentir, escutar os sons, fotografar o amigo e inventar histórias: esses foram alguns dos gestos que teceram os encontros coletivos do projeto Cinema no Brejo - Laboratório Rural de Formação e Experimentação em Audiovisual. Ao longo de seis meses de prática de ensino do cinema no Maciço de Baturité, região serrana do Ceará, experimentamos o cinema em diálogo com a geografia local com o intuito de contar histórias, potencializar a relação com o espaço onde se vive e suscitar o encontro entre jovens, amigos e familiares. Neste momento, chegamos ao tempo da colheita, e queremos compartilhar com o mundo os nossos processos de aprendizado e criação. 

 

Ao longo do nosso percurso formativo, nossos encontros foram divididos em três ciclos: Brincar, Trabalho e Terra. Todos eles foram atravessados pela linguagem cinematográfica e pensados em diálogo com os fazeres locais. Cada um dos três ciclos foi composto por oficinas teórico-práticas ministradas pela equipe do projeto, um cineclube itinerante e vivências realizadas no espaço a partir de práticas locais. Com o intuito de incentivar os alunos e alunas a construírem um olhar mais sensível sobre o meio onde vivem, estabelecemos parcerias com convidados e convidadas, incluindo artesãos, produtores rurais, cineastas, artistas, atrizes e atores e profissionais atuantes em diversas localidades na região do Maciço do Baturité - CE, realizando, assim, um intercâmbio de saberes pautado pela aproximação com a realidade local nas mais diversas áreas, como agricultura, biologia, turismo, formação em artes etc. 

 

O Cinema no Brejo desenrolou-se com múltiplos deslocamentos entre comunidades e municípios vizinhos. Nossa turma percorria diferentes distâncias para chegar até nosso ponto de encontro, um espaço de convivência que se situava na interseção entre algumas localidades, como o Uirapuru/Brejo, Jesuítas, Mulungu, Conjunto Padre Pedrosa, Lameirão e Catolé. Logo cedo pela manhã, dentro do ônibus a caminho do Sítio São Roque, no Mulungu, ou da Associação de moradores do Uirapuru, no Brejo, já acontecia o primeiro encontro do sábado. A curiosidade em desvendar o cinema, o desejo de manusear os equipamentos, as histórias por inventar pautavam as conversas até o destino. A cada aula,  os processos criativos eram ativados pelas proposições práticas, desdobrando-se em fotografias, vídeos, planos, contra-planos, mise-en-scenes, performances e jogos. O fazer cinema, portanto, como forma de fabular sobre o cotidiano e reativar histórias e memórias que já habitavam o imaginário. 

 

Neste cenário, apostamos que a cultura e a arte são um direito de todos e todas. Acreditamos que a descentralização das ações culturais leva a democratização do acesso ao ensino do cinema como prática do cotidiano, como meio de narrar e escutar suas próprias histórias e como forma de dar a ver o pertencimento a um território. Apostamos em um cinema que se faz através das práticas de formação em audiovisual nas (e com) as escolas, que desenvolve ações com assentamentos, comunidades indígenas, em regiões rurais e nas periferias das cidades. Um cinema engajado num movimento constante de luta pela democratização dos acesso aos meios e ferramentas de comunicação e expressão de nossa sociedade. Desse modo, com as sessões abertas do nosso cineclube itinerante, o Cine Brejo, apostamos na força do cineclubismo como uma ação que amplia o acesso ao cinema, constitui platéia e compartilha os processos de viabilidade e visibilidade dos filmes cearenses, nordestinos e nacionais, e filmes realizados em processos de formação, desenvolvendo diferentes formas de traçar alianças e estar em coletividade.

Na força da experiência vivida, abrimos os processos e fazemos circular o material produzido durante o percurso formativo do Cinema no Brejo, que resultou na exposição/ instalação colaborativa "É Tempo de Colheita: processos e criações do Cinema no Brejo" e nesta publicação, que tem o desejo de compartilhar e relatar as vivências do projeto, fazendo circular em texto e imagem a experiência vivida em sala de aula. O tempo, o clima, a geografia, os saberes, as pessoas e suas memórias atravessam histórias, canções e também viram filmes

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